Mulheres

É lixado. É lixado quando vemos que fizemos a pior escolha da nossa vida e que nada vai voltar ao que era. É lixado quando deixamos fugir a mulher da nossa vida por querermos uma noite de sexo e drogas com aquela boazona que sempre quisemos comer. Fumamos merdas que nos fodem a cabeça, que nos alteram as visões, que nos fazem agir por impulso. Traímos a nossa namorada com essa tal boazona que já foi mais rodada que a maçaneta da porta de uma casa de banho pública, sem achar que se vá saber, quando devíamos saber que nesta sociedade de merda tudo se sabe, tudo se comenta. No dia a seguir sentimo-nos mais vazios que o próprio vácuo do universo mas ainda assim, para não custar tanto, achamos que nada está perdido. Mandamos mensagem à namorada, que está perdida e lavada em lágrimas, a desejar bom dia e dizemos que queremos estar com ela. Minutos depois recebemos a resposta. Não hesitamos em abrir, para ter alguma segurança mas o mais provável que lá venha escrito é: “És o maior cabrão que conheci em toda a minha vida. Nunca mais te quero ver. Morre” ou então: “Precisamos de falar.”. Quando acontece o primeiro caso percebemos que tudo está perdido e que provavelmente nem vale a pena lutar mais contra as evidências, acabou e nem vai haver uma última conversa para esclarecimentos. Quando a resposta é “Precisamos de falar.” criamos uma barreira de dúvidas que só o tempo irá quebrar. Achamos que há sempre uma volta a dar no meio de uma conversa, mas enganamo-nos. A conversa serve apenas para entregar coisas que ficaram em casa dela. Mais tarde corremos os bares e as discotecas à procura de boazonas que nos atenuem a dor. Fodemos uma, comemos outra mas o vazio continua e já depois de muita bebida voltamos para casa, sem sequer saber como, ou até mesmo qual o caminho. Chegamos a casa, à cama (aquela cama onde fizemos amor durante infinitas noites) e choramos, gritamos, revoltamo-nos, partimos algo e ficamos assim até adormecermos. No dia a seguir existe a esperança que tudo não tenha passado de um pesadelo mas caímos em nós e percebemos que não existe cola que nos volte a juntar. Passam-se meses e continuamos a frequentar os bares as discotecas. Todas as noites as bebedeiras e as mocas do costume. Tornam-se rotina. O sexo não tem essência e só vale a pena pelos orgasmos que aquela puta nos faz ter. Tenho nojo mas também tenho necessidades e talvez esteja a tentar ocupar o espaço deixado pela mulher que eu amo. De vez enquanto até me cruzo com ela nos bares e discotecas que costumávamos frequentar os dois – está cada vez mais bonita. Aparece com amigas ou às vezes até com uns gajos quaisquer – nesta altura voltam as iras e os ciúmes mas contenho-me – Ela já não me pertence. Perdi-a. A moca era tanta e a outra cabra tão boa – pelos vistos não era tão boa como esta mulher que eu perdi: a mulher da minha vida.