Sem título

Hoje não me apeteceu sair de casa. Apeteceu-me ficar aqui resguardada de tudo o que se passa lá fora mesmo sabendo que a maior tempestade está dentro de mim. Apeteceu-me ficar sossegada, mesmo que a minha cabeça ande a mil. E depois olhei para o coração que me deste no dia dos namorados e pensei "O sempre acabou depressa". Não sei se te guarde pelo amor ou pela raiva. Ou até pela dor. Sim, porque dói, tu não sentes mas a mim dói-me. Dói-me a alma, o coração e os olhos. É difícil não chorar e mesmo assim não me sinto aliviada. Nem consigo sentir.
Faz quase uma semana que não sei nada de ti e tudo o que sei preferia não saber, porque as dúvidas também matam, matam é lentamente. Matam a esperança e vão matando o que sinto por ti, vão matando as boas memórias que tinha nossas ou só tuas. E isto mata-me a mim, eu juro.

Sorrisos

Tu sabes, tu vais tentar procurar outro corpo, outro sorriso, outros olhos, outro abraço, outros braços ou até outros dedos entrelaçados e tu também sabes que nada será o mesmo. Sabes até que o perfume não vai ser o mesmo. Sabes que os dias vão ser diferentes, talvez mais vazios ou talvez mais livres. Mas a liberdade de seres feliz... Essa ninguém ma tira. Tu eras feliz quando me vias sorrir, quando me fazias sorrir, quando me vias sorrir em direcção a ti, quando eu te pedia um abraço ou um beijinho, porque mesmo que não dissesses, isso sabia eu, sentia-o (e sentia-o tão bem). Mas a culpa de eu ter deixado de sorrir não foi minha, foi tua. Foste tu que preferiste fazer outra pessoa sorrir, não fui eu que ofereci sorrisos a outro alguém em troca dos teus.
Sabes, eu não tinha em mim todos os sonhos do mundo, tinhas-os em ti, em nós e acabaram. Os sonhos da realidade também acabam como os do sono. Tu decidiste destruí-los e eu decidi destruir-nos da minha memória. Decidi destruir as coisas boas porque foi isso que tu fizeste. Tu apenas te lembras de não me ver sorrir e eu agora apenas me lembro que não tiveste a capacidade de me fazer sorrir. Tiveste a capacidade de me desiludir (culpa minha!). Tiveste a capacidade de me substituir, de precisar de outra pessoa e foi isso que me fez deixar de sorrir. Porque eu daria tudo por um sorriso teu. Sempre dei e foi isso que me destruiu a mim mesma. Deixar de ser feliz e acumular coisas dentro de mim que tinham de sair e não saíram só para que tu o fosses. E eu não te posso culpar mas não consigo não te guardar rancor algum. Ao fim de oito meses deixaste-te levar e agora sou eu quem não consegue perdoar.
"Um homem perguntou a um sábio se ele deveria ficar com sua esposa ou sua amante, o sábio levou duas flores nas suas mãos, uma com rosa e a outra com um cacto, e perguntou-lhe: se você for escolher uma das flores, qual é a que escolhe? O homem sorriu e disse: A Rosa, é lógico!
O sábio por sua vez respondeu que às vezes os homens são movidos pela beleza externa e escolhem o que lhes brilha mais, o que mais vale a pena nos prazeres e isso não é amor, com o tempo morre. O cacto por sua vez, independentemente do tempo ou clima permanece o mesmo, verde com espinhos, e um dia vai dar a flor mais bonita que já viu, assim é sua esposa: conhece os seus defeitos, suas fraquezas, seus erros, nos seus momentos ruins é ela que está sempre pronta a te ajudar. A sua amante quer seu dinheiro, sua felicidade, seus espaços fantasias e seu sorriso, na primeira dificuldade não hesitará em trocá-lo por outro amante jovem, feliz e com dinheiro."