E eu nunca te menti, nunca prometi que ia ser fácil nem que tinha um feitio comum e fácil de lidar. Apenas que não te ia magoar e sei que, nesse aspecto, eu cumpri a minha promessa. Cumpri tanto que me magoei a mim, mil e quinhentas vezes, e nunca te cobrei nada nem te retirei da minha vida.
Ambos sabemos que passámos por tempos muito, muito difíceis e é hoje, ao fim de oito meses, que vejo que nunca consegui ser o suficiente mas eu nunca prometi sê-lo. Fui inteira mas não fui suficiente. Não te fui suficiente, a ti, que eras a única pessoa a quem eu queria ser tudo e não apenas o suficiente.
E tu deixaste tudo. Agarraste-te aos meus erros justificáveis e eu agarrei-me às vezes que te perdoei por me teres magoado e eu me ter calado. E perdoava-te as vezes que fossem precisas desde que soubesse que era, no mínimo, suficiente. E agora percebo que não o sou, que te magoei com coisas pequeninas e que não foste capaz de me perdoar, como eu fui, ao fim de tanto tempo. Se calhar eu não devia ter escondido as vezes que me magoaste mas a verdade é que não me arrependo, porque eu preferia estar mal durante um bocado, que nós estarmos assim. E eu aguentei, mas tu não. Tu não me aguentaste mesmo depois de eu ter dito que não era fácil. E ficámos assim, nada, porque eu não te fui suficiente e porque tu não foste capaz.