Fora de mim

Pus-me fora de mim. Reparei que quando escrevo não me separo de mim. O que escrevo é o que me incomoda ou me faz feliz. Tenho os sentimentos à flor da pele e as emoções emergem tanto como o azeite na água e são difíceis de separar. Talvez isso nunca me vá dar grandes histórias mas uma coisa é certa: a autenticidade está lá, a sinceridade, o coração. Está tudo lá. Está tudo aqui. Reparei também no quão obstinada os meus sentimentos me levam a ser – a ponto de achar que posso mudar o mundo.
É verdade, adorava poder mudar o mundo, ser uma revolucionária, mudar o que está mal e meter o meu cunho positivo no que está bem. Uma imagem bastante utópica, verdade seja dita. Como sei que isto não é possível, contento-me em tentar mudar as pequenas coisas que sei que vão acabar por magoar as pessoas de quem gosto, tirar-lhes o fel já que o aviso antecipado não serve. Tento sempre o mais que consigo e se por um lado me acho frágil por outro percebo que é preciso força (de vontade) para continuar a lutar por certas coisas e contra outras. É a minha obstinação – alcançar os patamares em que acredito, por muito pouca esperança que tenha, às vezes. É verdade, às vezes também cansa não ver resultados, não conseguir mudar certas coisas. Causa uma certa vontade de desistir ou me conformar e esperar que tudo aconteça. E estar lá no fim. Ou no início da confusão. Afinal certos males vêm por bem.

Excerto de algo meu, sem cabimento

(...) Tenho algo mais do que um coração cheio que ainda, bem espremido, te consegue dar algo. Tenho algo mais do que um físico que te atrai. Algo mais que uma personalidade que te cativa. Mas não sei o quê. (...)
Em troca só queria que me desses mais que um coração mal amado e desiludido. E eu sei, amor não se pede mas tu disseste que me davas o que eu queria como prova do que sentes e a única coisa que quero é amor, nada mais, apenas amor. O teu